domingo, 19 de julho de 2015

Conto: Rotina Matinal.



      Limpou o rosto na tentativa de retirar os resíduos do dia anterior. Nesse breve instante colocou as mãos na pia do banheiro com o intuito de melhorar a sua disposição, pois, sua mente parecia esmaecer. Pensamentos após tal ação começaram a borbulhar e o mais persistente foi: O que eu fiz comigo mesma? Bem... Isso já não era mais importante tendo em vista a necessidade da meta diária ser cumprida. 

Segunda: Chegar ao trabalho, fazer o serviço e voltar para casa
Terça: Chegar ao trabalho, fazer o serviço e voltar para casa
Quarta: Chegar ao trabalho, fazer o serviço e voltar para casa
Quinta: Chegar ao trabalho, fazer o serviço e voltar para casa
Sexta: Chegar ao trabalho, fazer o serviço e voltar para casa   

      Para a realização de tal feito Gabriela compôs sistematicamente algumas etapas a serem cumpridas diariamente. Embora os seus desejos e pensamentos variassem conforme o humor, mantinha a rotina e suas etapas com bastante afinco. Sua mente, apesar de jovem, falhava e já não abria brechas para os sonhos antigos, a roda da vida girava, girava e continuava girando. 
      Ainda no banheiro, em frente aquele reflexo desconhecido, notou pequenas marcas que anteontem não existiam. E, nessa análise sem fundamento, mais um segundo se foi. 
Molhou o seu rosto cansado novamente e o secou com o intuito de que tudo mudasse, mas apenas secou o que havia de secar e continuou. O que ela sentia já não mais a pertencia, não sabia distinguir o mínimo do macro e com que intensidade os seus atos nessa vida influenciavam o universo.

     - Se há um feedback o que seria o meu ser diante dessa micro existência banhado por um sistema confuso do qual eu, tecnicamente, não dito as regras do jogo, nem de grande parte da minha vida?

       Apenas prosseguiu.  

      Foi à cozinha, tomou um café  e refletiu mais um pouco a respeito da sua singela existência e sobre os seus amores passados. - Tudo não passa de um redemoinho, um mar de sonhos. Um exímio misto de realidade e onirismo onde os três tempos brincam interminentemente. Notou que já não havia mais nenhum líquido na xícara.

     Com o intuito de completar a terceira etapa do seu método encontrou algo para usar, qualquer coisa fácil e que combinasse com o seu humor volúvel ou não. Caminhou alguns passos até a sua porta, depois ao seu portão.

      Fechou a si mesma e se foi.




2 comentários:

Nana Barcellos disse...

Oi Roberta,
Nossa a imagem...super contraste com o conto adorei.
Me identifiquei um pouco com a Gabriela..acho que cada um acaba passando por uma parte assim na vida haha
A força pra mudar, depende só da gente mesmo!

Ótimo conto!

Estou seguindo aqui :D
bjs e tenha uma ótima quinta.
Nana - Obsession Valley

Jeniffer Yara disse...

Acho que todos podemos nos identificar com a Gabriela. Tem dias que a rotina nos engole e nos faz pensar nessa existência quase que insignificante, que não tem grandes momentos ou lembranças na história. Esse sentimento sempre surge de vez em quando em mim. Mas a esperança e a vontade de mudar, nem que seja algumas coisas pequenas me faz tirar tais pensamentos da cabeça e seguir em frente.

Beijos
http://mon-autre.blogspot.com.br/